terça-feira, 21 de agosto de 2012

O blog "AIDS NO BRASIL HOJE: O QUE NOS TIRA O SONO?" está no ar

Leia e apoie o manifesto



Resposta à aids tira o sono de docentes, pesquisadores e representantes da sociedade civil


“O que nos tira o sono” é o mote do manifesto lançado nessa terça-feira (21/08) e que aponta sérios problemas no controle da epidemia de aids no Brasil. Docentes, pesquisadores e integrantes da sociedade civil que assinam o manifesto estão preocupados com a resposta à epidemia no país, que tem apresentado indicadores negativos e produzido um senso comum de que a doença deixou de ser um problema de saúde pública.


- Aumento de 10% no número de óbitos, saindo de 11.100 óbitos em 2005 para 12.073 em 2010. O número equivale a um óbito por hora.

- Redução do número de gestantes com o HIV que recebem o tratamento que pode evitar a transmissão do vírus para o recém nascido: de 53,8% das gestantes soropositivas para o HIV em 2005 para 49,7% em 2008. A falta de diagnóstico e tratamento resulta em três casos de aids em recém-nascidos a cada dois dias.

- Aumento de 12% no número de casos de aids: de 33.166 casos em 2005 para 37.219 em 2010.

- Apesar disso, estados, como São Paulo, reduzem o número de médicos e fecham serviços e leitos especializados.



Para dar voz ao protesto foram criados um blog http://oquenostiraosono.tumblr.com/manifesto e uma página no Facebook https://www.facebook.com/AidsNoBrasilOQueNosTiraOSonoque abrem espaço para sugestões que possam contribuir para melhoria do cenário e convidam os visitantes a apontarem outros problemas na resposta à epidemia.


Há uma semana da realização do VI Fórum Latino-americano e do Caribe em HIV/Aids e do IX Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids, a referência à insônia é um contraponto à declaração de dirigentes do Ministério da Saúde que, durante a XIX Conferência Internacional de Aids, realizada em Julho, nos Estados Unidos, disseram que nada no Brasil em relação à aids tira o sono deles.


O manifesto é assinado por 54 docentes, pesquisadores e integrantes da sociedade civil e 14 instituições: Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids(NEPAIDS/USP); Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA);Católicas Pelo Direito de Decidir (CDD); Grupo de Resistência Asa Branca (GRAB); SOMOS - Comunicação, Saúde e Sexualidade; Grupo Pela Vidda SP; Projeto Purpurina; Fórum de ONG/Aids de São Paulo; GIV – Grupo de Incentivo à Vida; GAPA - RS; RNP+ Núcleo Rio de Janeiro; GAPA - SP; Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde; Sapatá - Rede Nacional de Promoção e Controle Social em Saúde de Lésbicas Negras.


Participem, entrem no blog http://oquenostiraosono.tumblr.com/manifesto


Você pode mandar sua opinião, compartilhar o que tem tirado seu sono e o que garantiria seu sono 




Ajudem a divulgar


Qualquer dúvida ou demanda de imprensa, enviem para: manifestoaids@gmail.com

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Confira carta elaborada por representantes do movimento nacional de luta contra a AIDS, reunidos na reunião da Anaids, direcionada ao Ministério da Saúde e a Frente Parlamentar de Luta Contra a AIDS.




25 a 27/04/12 - Natal/RS

Ao Exmo. Sr. Ministro da Saúde Alexandre Padilha
Ao Exmo. Sr. Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos
Ao Exmo. Sr. Secretário de Vigilância em Saúde
Ao Ilmo. Sr. Diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais


C/c À Frente Parlamentar de Luta Contra a AIDS 

Natal, 28 de abril de 2012.
  
O propósito deste texto é solicitar a intervenção de V.Exas. durante a elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias e do Orçamento da União para o investimento em pesquisa de diversas áreas ligadas à AIDS. Ressaltamos que existe no país, uma massa crítica de pesquisadores atualizados, e com histórico de parcerias internacionais importantes na área. Também, esta é uma área em que a ciência é de ponta e que tem sido fonte de inovações importantes, com impactos em outras áreas do conhecimento.
 Em particular, especificamos as pesquisas para vacina preventiva do HIV, para vacina terapêutica, para estudos de tratamento como prevenção, de profilaxia pré-exposição e de cura ou erradicação do HIV do organismo humano.

1. Vacina Preventiva.
A existência de uma vacina preventiva, isto é, para evitar que uma pessoa sem HIV possa se infectar, seria uma das melhores ferramentas para o controle da epidemia do HIV e provavelmente para sua erradicação. Houve muitos ensaios de candidatas e em fins de 2009 tivemos o primeiro resultado de eficácia de uma candidata a vacina no mundo (ensaio RV 144, desenvolvido na Tailândia em 16.000 voluntários). Também foram descobertos vários anticorpos neutralizadores de amplo espectro, o que também pode levar à produção de candidatas a vacina que suscitem no organismo humano a produção destes anticorpos. Esta é uma área ativa de pesquisa e o maior investimento global é realizado pelos EUA através dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH). Há também organizações sem fins lucrativos como a IAVI (Iniciativa por uma Vacina contra a AIDS, EUA) que também realizam ensaios clínicos. A IAVI é uma organização parceira do DDST-AIDS e HV e de algumas organizações não governamentais. No Brasil houve ensaios de vacinas anti-HIV preventivas em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. O Brasil já investiu nesta área, mas este investimento precisa ser revitalizado. Em 2008 o Ministro de Saúde anunciou a uma audiência internacional em Brasília o investimento de 25 milhões de reais em 4 anos, mas infelizmente esta iniciativa não foi realizada. Cabe lembrar que neste ano encerra o Plano Nacional de Vacinas 2008-2012. Na atualidade há somente um centro em São Paulo que pesquisa vacinas anti-HIV. Pensamos que é necessário estimular a organização de outros centros, de reforçar o existente em São Paulo e as iniciativas de pesquisa no Brasil. Uma vantagem da participação do Brasil nestes esforços globais seria o acesso prioritário e a possibilidade de melhor negociação de preços para este acesso, quando uma tal vacina for produzida.

2. Vacina terapêutica.
Estas candidatas são para pessoas com HIV e o objetivo é o de que possam controlar o HIV, pelo menos por um tempo, sem o uso de antirretrovirais. Como é sabido, estes medicamentos são muito eficazes no controle do HIV, mas exigem uma disciplina de ingestão constante e podem produzir efeitos adversos importantes. Ao contrário, uma vacina terapêutica permitiria o controle com uma administração de periodicidade anual ou maior. O controle mais simples do HIV nas pessoas com HIV possibilitaria uma vida normalizada e também o controle da infecção para os parceiros das pessoas com HIV, interrompendo a cadeia de transmissão. Esta é uma área de pesquisa importante no mundo. No Brasil houve um ensaio de Fase I realizado em Recife cujos resultados forma publicados em 2005 na revista Nature . Atualmente há um ensaio no Hospital das Clínicas da USP, cujos resultados serão anunciados no próximo ano.

3. Tratamento como Prevenção.
O uso de antirretrovirais para a prevenção da transmissão é comprovado desde 1995 com o controle da transmissão vertical, isto é da mulher grávida para seu bebê. Posteriormente em 1997 o uso foi estendido para a Profilaxia Pós Exposição por acidente ocupacional, isto é, para os trabalhadores de saúde que tiveram algum acidente no seu trabalho. Desde pelo menos o ano 2001 é conhecida a relação entre a probabilidade de infecção e a carga viral, ou taxa de presença de HIV no sangue. Ou seja uma pessoa com mais HIV pode uma pessoa sem HIV mais facilmente do que uma pessoa com menos HIV. Em particular, num artigo de janeiro de 2008 a Comissão Federal Suíça de AIDS manifestou que “as pessoas com HIV em tratamento com antirretrovirais, com carga viral indetectável e sem infecção de transmissão sexual há mais de seis meses não transmitem o HIV por relações sexuais”. Houve também vários estudos ecológicos que mostram o benefício de ter uma alta proporção de pessoas com HIV tomando antirretrovirais para diminuir a taxa de infecção pelo HIV numa cidade, região ou país. Em maio de 2011 foram divulgados os resultados iniciais do estudo HPTN-052 que mostrou os benefícios do tratamento com antirretrovirais como forma de prevenção da transmissão. O ensaio foi realizado em casais sorodiscordantes onde o parceiro infectado não apresentava indicação de tratamento. Os casais foram divididos em dois grupos: um grupo onde o parceiro infectado recebia tratamento imediatamente com antirretrovirais e o outro no qual o parceiro infectado só iniciava o tratamento quando tivesse indicação para tal. Observaram-se 96% de transmissões a menos no grupo que recebeu tratamento do que no grupo que teve o tratamento diferido! Ao mesmo tempo constatou-se um benefício clínico nas pessoas tratadas com a redução dos casos de Tuberculose Extrapulmonar. A importância destes resultados deve ser realçada. O Brasil participou deste ensaio através do IP Evandro Chagas da Fiocruz do Rio de Janeiro. São necessários ensaios para verificar a aceitabilidade por parte das pessoas com HIV do tratamento como prevenção e também para continuar a pesquisa neste campo, consolidando os resultados em outras populações.

4. Profilaxia Pré Exposição (PrEP)
Continuando na linha de prevenção da transmissão com antirretrovirais, houve ensaios de esta estratégia que consiste no uso diário por uma pessoa sem HIV de uma combinação de dois antirretrovirais. Há alguns ensaios que comprovaram a eficácia de esta estratégia em diferentes populações: IPrex (42% em homens que fazem sexo com homens), Partners (73 %, em casais de sexo diferente e sorodiscordantes), e TDF2 (63%, homens e mulheres heterossexuais ). O Brasil participou do ensaio IPrex através do IP Evandro Chagas da Fiocruz do Rio de Janeiro, Projeto Praça Onze da UFRJ no Rio de Janeiro e Hospital São Paulo e USP em São Paulo. São necessários ensaios para verificar a aceitabilidade por parte das pessoas sem HIV desta estratégia e também para continuar a pesquisa neste campo, sobre tudo na área de adesão que é um ponto fundamental desta ferramenta.
 Por último não podemos deixar de mencionar a velocidade que a pesquisa para erradicação do organismo ou para cura funcional do HIV tem tomado no mundo desde há pelo menos três anos. O Brasil deve se engajar de algum modo nesta área, dado seu compromisso com a saúde e com o tratamento das pessoas com HIV. Cabe salientar que a pesquisa nesta área pode trazer contribuições essenciais à pesquisa para vacinas terapêutica e preventiva.

Conclusão
Na atualidade o Brasil apresenta mais de 12.000 mortes anuais por AIDS. É como se a cada dia um ônibus com 32 pessoas sofresse um acidente fatal! Mais de 30.000 pessoas são diagnosticadas com AIDS a cada ano. O uso do preservativo continua sendo a medida de prevenção mais importante neste campo, mas depois de vários anos comprova-se insuficiente para um controle mais profundo da epidemia do HIV. É necessário acrescentar a este recurso outros que atuem em combinação ou naqueles casos em que há uma rejeição parcial ou total ao uso do preservativo. As pesquisas listadas acima não são somente para realizar descobertas mas também para operacionalizar as novidades já obtidas no mundo. Isto pode ser especialmente útil nas populações mais atingidas pela epidemia, quais sejam os homens que fazem sexo com homens, travestis, transexuais, trabalhadores e trabalhadoras comerciais do sexo, usuários de drogas e população privada da liberdade. Estas populações são objeto de variadas discriminações no nosso país, mas são igualmente credoras do artigo 196 da Constituição Federal que estabelece o direito à saúde para todos os brasileiros e como é um dever do Estado.

Estamos à disposição para dirimir quaisquer dúvidas.

Assinam a presente carta todas as representações do Movimento Aids presentes na reunião: 

  • Alex Amaral – MCP
  • Alice Raquel Duarte – Fórum Aids Roraima 
  • Amauri Lopes - Fórum Paranaense Aids
  • Amujaci Brilhante - CAMS
  • Ana Cristina Oliveira - CAMS 
  • Antonio Alves Ferreira – Fórum Aids Ceará
  • Carlos Duarte - CNS 
  • Cledson Fonseca Sampaio - Fórum Paraense Aids
  • Dario Coelho – Fórum Ong aids ES
  • Elton Padilha - Rede de Jovens
  • Fábio Ribeiro – Fórum ONG BA
  • Francisco Erdivando de Oliveira – RNP+ Brasil
  • Jair Brandão - Fórum Ungass
  • Jasiel Pontes – CNS
  • Joel Valentim Alencar – Fórum Maranhão
  • Judite da Rocha – Fórum Ong aids de Tocantins
  • Luizabeth de Araújo Amorím – Articulação Aids em PE
  • Marcelo Lima de Menezes - Articulação Sergipana 
  • Márcia Leão – Fórum ONG aids RS
  • Márcia Ribas – Fórum ONG aids DF
  • Márcio Villard – Comitê de Vacinas
  • Marcos Fontes – CNAIDS
  • Maria Aparecida Lemos - MNCP
  • Maria de Lourdes Pires - Fórum Catarinense Aids
  • Maria Lucila Magno – Fórum Ong Aids SP
  • Moysés Toniolo – Rede + PLP
  • Nerimarcia Alves - Fórum Aids Mato Grosso
  • Réne Júnior - CAMS
  • Roberto Pereira - CNAIDS 
  • Rodrigo Pinheiro - CNS 
  • Rubens Raffo – Cômite de Vacinas
  • Sergio Cabral - Articulação Aids RN
  • Simoni Bitencourt - CNAIDS 
  • Solange Maria de Oliveira – Fórum Ong aids SE
  • Sueli Alves Barbosa – Fórum Minas Ong Aids
  • William Amaral - Fórum Aids do Rio de Janeiro 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Fórum de ONGs/AIDS de MG divulga carta pública


Documento analisa o momento vivido por Minas Gerais na luta contra a epidemia de HIV/AIDS. Confira!



Prezados,

O Fórum Minas de ONG AIDS vem denunciar a grave situação financeira das ONG AIDS de Minas Gerais e as dificuldades que o movimento nacional de luta contra a AIDS tem passado.   Foi graças à atuação da sociedade civil organizada que, em parceria com os governos, o Brasil tornou-se conhecido como o “melhor programa nacional de luta conta AIDS do mundo!”, cuja resposta evitou que a epidemia da AIDS se alastrasse e se mantivesse concentrada em nosso país. Entretanto, as mudanças das regras de financiamento e a redução drástica do repasse de recursos para o desenvolvimento de projetos nas ONG deixou órfãos dezenas de organizações e milhares de assistidos, tanto para a assistência aos cidadãos vivendo com HIV/AIDS, quanto para a prevenção entre os segmentos mais vulneráveis, cujo acesso aos insumos de prevenção é garantido basicamente pelo trabalho das ONG.   Um triste exemplo claro dessa situação está sendo vivido pelo GAPA-MG, Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS. Com 25 anos de existência, a instituição se encontra em vias de encerrar suas atividades por dificuldade de sustentabilidade. Os recursos captados sequer garantem o pagamento do aluguel de sua tradicional sede na Rua Tamoios, em Belo Horizonte. O GAPA-MG foi a primeira ONG AIDS de Minas Gerais e a segunda do Brasil. Seu trabalho inspirou várias outras organizações de luta contra a AIDS, mas, diante da escassez de recursos, a falta de apoio e a redução do voluntariado, tem se tornado impossível a continuidade de suas atividades. Caso seja inevitável a interrupção das atividades do GAPA-MG, uma significativa parcela da população ficará desassistida, sobretudo no apoio jurídico oferecido pela ONG.  A situação hoje vivida pelo GAPA-MG atinge quase a totalidade das ONG do país e não se percebe nenhum movimento da gestão pública no sentido de buscar uma solução para o problema para além da abertura de custosos e burocráticos editais para apresentação de projetos, muitas vezes, essenciais para a manutenção de ações implementadas pela sociedade civil. Não obstante a importância e legitimidade desses mecanismos de acesso a recursos públicos para financiamento de programas desenvolvidos pelas ONG, a ausência de instrumentos legais e/ou técnicos para apoiar a infraestrutura dessas entidades na implementação de seus projetos, compromete não apenas o resultado final das ações propostas, mas, sobretudo, onera e inviabiliza a sua continuidade, como é o caso dos encargos trabalhistas dos técnicos contratados e demais custos não cobertos pelos financiamentos ofertados.

Se hoje a situação da AIDS no Brasil não é mais séria é porque cidadãos de bem arregaçaram as mangas, se organizaram e foram à luta para que o preservativo chegasse a quem precisava e as PVHA se conscientizassem da necessidade de aderirem à terapia ARV, trabalho esse desenvolvido pelas ONG dedicadas a informar, conscientizar e colaborar para garantir o cumprimento dos princípios de universalidade, equidade e integralidade preconizados pelo SUS.   Nesse sentido, as organizações de luta contra a AIDS pedem socorro e se colocam à disposição para juntos, governo e sociedade civil, buscarmos uma solução para o problema.  

Fórum Minas de ONG AIDS


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Relato enviado por Fábio Ribeiro da última reunião da CNAIDS

Acesse no link abaixo o relato, gentilmente, enviado por Fábio Ribeiro (ABGLT/Fórum Baiano de ONGs/AIDS) da última reunião da CNAIDS que aconteceu em 20 de março de 2012.

Veja o relato enviado por Fábio Ribeiro (ABGLT/Fórum Baiano de ONGs/AIDS).

Breve relatório do curso elaborado por Osmar Resende



Breve Relatório do

CURSO DE FORMAÇÃO E CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS

Promovido pela ABIA

Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids

Hotel Golden Park, Rio de Janeiro, 05 a 09 de Março de 2012.

Objetivo do curso:
Fortalecer a participação da sociedade cível, aperfeiçoando a resposta social a epidemia de AIDS de modo intersetorial e integrado no âmbito do SUS, seus princípios e marcos norteadores.
Éramos 34 participantes, incluindo “professores” e alunos de todos os cantos do País - Fóruns, Redes, Associações, Grupos e Conselhos ali representados.

Dia 05 – manhã.
Abertura com Veriano Terto Jr, há 22 anos na ABIA.

A chamada foi: “Fortalecimento da atuação de segmentos da sociedade civil de AIDS em espaços de controle social e articulação política”.
Veriano acentuou que crise de sustentabilidade se resolve, hoje, muito mais com política do que com dinheiro. Comparou os dias de hoje com 1970, referindo-se aos três últimos “episódios”: o veto ao kit homofobia, a campanha Jovem Gay no 1º de Dezembro e, recentemente, os filmes censurados do Carnaval.
Salientou que é preciso fortalecer a participação da sociedade civil; qualificar membros da sociedade civil organizada, assistência, ativismo e civismo, e agentes de saúde ligados à temática DST/Aids e HV.
Sobre o curso que começava, sugeriu produção de um texto de conclusão a ser levado, inclusive, para o Congresso de Prevenção, em Agosto, através da oficina do projeto de capacitação da ABIA.

Em seguida, a fala de Richard Parker, Diretor-Presidente da ABIA desde 1988.

História da AIDS e principais desafios nacionais e internacionais na 4ª década”.
Fez um histórico dos 30 anos da AIDS no Brasil, década por década.
ANOS 80 - Nesta primeira década, a constatação da epidemia, sua marginalização, a resistência do ativismo partindo para a construção de uma resposta social.
Surge também a resposta dos movimentos de gays, travestis, profissionais do sexo e usuários de drogas.
A construção da solidariedade, inicialmente com Betinho.
A vacina contra o vírus sociológico é a solidariedade”, bradava Daniel, do Grupo Pela Vida.
INVENTANDO O SEXO SEGURO – são, sobretudo as comunidades gays por todo o mundo que passam a adotar a camisinha.
ATIVISMO CULTURAL – frente à ausência de propostas pela ciência, as comunidades culturais (literatura, cinema, teatro...), sob a demanda da sociedade civil organizada, reagiram.
ANOS 90 – o governo Itamar Franco, em 1992, reconstruiu o Programa de AIDS no Ministério da Saúde. Novos atores e ideias, novos espaços institucionais e de ativismo; a interação com grupos internacionais...
1996, a descoberta de medicamentos é um “divisor de águas”, surge uma nova onda de mobilização global por acesso a tratamento e redes transnacionais de solidariedade começam a vencer a batalha moral. Brasil se torna exemplo mundial!
ANOS 2000 – Declaração de Doha sobre TRIPS e saúde pública. O Brasil se comporta bem... Começa-se a pensar em sair de projetos governamentais e partir para acessos a planos internacionais, como o Fundo Global. Mas isto leva a uma fragmentação e domesticação do ativismo, porque as organizações ficam preocupadas em fazer a máquina governamental funcionar.
ANOS 2010 – “Estabilização não basta – a epidemia ainda não acabou”, é o mote que devemos bradar frente a mensagem dos governos nacional e internacionais, pois a epidemia continua fora do controle.
Richard afirma que “temos material técnico, na falta de vontade política. Há, inclusive, retrocesso nesta parte; temos de retomar a saúde como direito social, repolitizar a luta contra a AIDS”.

Dia 05 – tarde.

José Araújo Lima teve por tema “Agenda de necessidades e desafios do Mov. Social de AIDS no Brasil”.

Apesar de ele não se sentir à vontade com o termo, esse maravilhoso “dinossauro” da história da AIDS no Brasil nos brindou com um extraordinário mea culpa, revolucionando a maneira de palestrar. A cada vez que dizia “errei muito” víamos em seus olhos o brilho dos acertos.
“Quando falamos em agenda, o primeiro passo não é como o governo e sim com a gente mesmo. Antigamente tinha a visibilidade e a prática de pressão que dava resultados, hoje é a representatividade, os trabalhos em grupo”.
“Tivemos uma experiência que foi gravar reuniões da CAMS, CNAIDS e, por que não, do Conselho Nacional de Saúde para em seguida projetar nas reuniões de outros grupos, para a base tomar conhecimento dos espaços de controle social, do quê estão falando, etc”.
Falou também do “casamento” entre várias patologias, como a HV, a TB...
Solicitou que fizéssemos um exercício em grupos, que foi uma sensacional aula à parte.
E resumiu: “Rever o quê nos une! O quê nos separa podemos discutir depois”.

Dia 6 – manhã.

Ruben Mattos, do Instituto de Medicina Social – Tema: “Saúde como direito: princípios e diretrizes do SUS e interfaces com a política da AIDS”.

Os princípios devem ser a equidade, integralidade, universalidade, participação e regionalização.
As diretrizes do SUS se perderam no meio do caminho... Apesar de um movimento de reforma sanitária nos anos 70, conduzido predominantemente por técnicos.
Já em 1986, quando da VIII Conferência de Saúde, há uma significativa participação da população e o lema principal é “Saúde é um direito de todos e um dever do Estado”.
Porém, em seguida entra a iniciativa privada e conclui-se que “o SUS não é o único sistema de saúde do Brasil” (risos).

Dia 06 – tarde.

José Marcos Oliveira. Tema: “O movimento social de AIDS em instâncias de representação: o caso do CNS”.

O professor faz um levantamento histórico do CNS, salientando a Constituição de 1988, as Leis 8080 e 8142, e as Resoluções 33 e 333 do CNS.
Em 2006, a reformulação do CNS.
Em 2007 surge a capacidade de o Brasil produzir ARV, e também o licenciamento compulsório do Efavirenz.
Daí começam a ter lugar discussões sobre os desafios para o movimento de luta contra a AIDS, entender o que sejam princípios de Diretrizes e Metas. O Movimento já fala em participação pública, controle social, representatividade. Propõe-se uma Agenda Propositiva com incidência política. E acontece, então, a terceirização dos serviços.
O professor solicitou que déssemos uma lida nos Decretos-Lei Complementares 7508 e 141, que falam de corte de recurso diante do não cumprimento das obrigações.
Enfim, o Acórdão 1660, do TCU (2011), que versa sobre suspensão de recursos para a maioria dos conselhos.
Enfim, que venha a 15ª Conferencia Nacional de Saúde.
Obs: uma queixa do CNS é que “o movimento de AIDS só aparece aqui para aprovar o PAM”.

Dia 07 – manhã.

Cristina Câmara, socióloga. Tema: “O Movimento Social e as Políticas do HIV/Aids”.

Exercícios de grupos:
Apontar 3 limites e 3 possibilidades na atual política de resposta ao HIV/AIDS; na atuação do Movimento e na atuação governamental.
Os grupos sociais se organizam para responder às demandas da população e/ou lacunas do poder público. Idealmente, a meta desses grupos sociais é que suas reivindicações sejam institucionalizadas pelo poder público.
Exercício de grupos: definir o que é REPRESENTAR.
Nosso grupo colocou duas opções: uma, que representar é levar as demandas de um segmento para os espaços de discussão e construção de políticas públicas. A outra relatava que o governo representa um papel para nós, plateia. Este papel, atualmente, mais parece o de uma ópera bufa.

Dia 07 – tarde.

Cristina Câmara. Tema: “Mobilização de Captação de Recursos: elaboração de projetos, campanhas e outros”.
Sobre o cenário da sustentabilidade das ONGs no Brasil, uma reflexão: “Um grupo social organizado é movido por uma causa, estabelece alianças políticas com outros atores...”.
Cristina discorreu sobre várias formas de geração de fontes de renda, como shows, bazares, brechós de material doado ou confeccionado...
É importante publicizar suas contas, fornecer o máximo de transparência possível.

Dia 08 – manhã

Cristina Pimenta – Tema: “Novidades e Desafios para a Prevenção: as novas tecnologias”.

Após um painel da AIDS no Brasil (números), foi logo abordando os MICROBICIDAS. Mesmo estando ainda em estudo, porém avançado (Voice), os produtos aqui são dirigidos à aplicação na vagina e no reto, como gel. Questionei por que não para sexo oral, quem sabe em forma de pastilha, o que foi motivo de riso geral, mas, diante da explicação que é uma forma de sexo, todos concordaram - vide modelo de pastilha no anexo, desenvolvido por mim (agora pode rir).
A “professora” abordou em seguida as novas tecnologias PEP e PrEP.
Copio abaixo trecho do relatório da colega Heliana Moura, já bem explicitado.
PEP – Profilaxia pós-exposição ao HIV. Eficácia maior que 90%, nesses casos são utilizados ARV antes de completar 72h após exposição num período de 28 dias.
Desafios: o acidente de trabalho não tem o mesmo mérito da exposição sexual, não há uma análise profissional e sim um julgamento moral.
Existem critérios de exposição.
PrEP – Profilaxia pré-exposição: Todo um conjunto de ações (prevenção, testes de HIV, aconselhamento de redução de risco, preservativos, exames e tratamento de infecção sexualmente transmissíveis), que são acompanhados pelo profissional de saúde.
Reprodução Assistida: Conjunto de técnicas que auxiliam o processo de reprodução humana.
Circuncisão: Reduz aproximadamente 60% da transmissão ao HIV entre os homens. Como é feito: Retirada do prepúcio, que é a pele que cobre a extremidade conhecida como glande.

Dia 08 – tarde.

Maria da Glória Gohn. Tema: “Movimentos Sociais e Políticas Públicas na Interface com o Campo do Conhecimento”.

Pressupostos: formas de organização de ações coletivas na sociedade brasileira.
Agentes Estruturantes: movimentos sociais, ONGs, Fóruns e Conselhos.
“Temos que reconstruir nossas idéias. Pensar e fazer coletivamente. Se ficarmos apenas na luta institucionalizada podemos morrer; devemos crescer as parcerias com outros movimentos, comunidades etc”.

Dia 09 – manhã.

Renato Girade. Tema: AIDS-SUS. É um projeto do DN estipulado em R$200 milhões, que representam 2,5% de seu orçamento – parte é financiada pelo Banco Mundial. Sua primeira estruturação está prevista para 2011 a 2014.

Indagou-se muito sobre como divulgar este “produto” para sua adequada compreensão. Por exemplo, através de premiação via edital, ou bolsas de estímulo para melhor qualificação. Estima-se que esses processos só poderão acontecer no final de 2012 ou em 2013.
Renato conclui:
“Percebi o quanto é importante o resgate histórico, ter uma dimensão política, retornar a teoria crítica. Sermos resistentes, porém com novas políticas, pois estamos vivendo uma crise do pensamento crítico; confunde-se política com politicagem, por isso a importância do resgate da dimensão política. Vivemos também uma crise da intelectualidade (onde estão aqueles que saiam e escreviam em jornais etc?). Temos a internet como ferramenta importante e também como arena, pois além de divulgar informações, articulações e agendas também brigamos entre nós mesmos”.
“Devemos intensificar os debates e a negociação sobre a sustentabilidade das ONGs/AIDS”.
“As discussões desde o inicio da epidemia estão mais atuais que nunca. Infelizmente, não mudaram muito as perspectivas, e os desafios continuam cada vez mais complexos”.
Em seguida, Gil, do DN, elogiou o evento, disse que este tipo de iniciativa deveria se repetir pelo país inteiro, e ficou de olhar com carinho a participação do grupo em uma oficina no Congresso de Prevenção próximo.
Nossos anfitriões Veriano Terto e Kátia Edmundo fizeram as honras do encerramento e ele propôs uma fala final de cada um de nós; que disséssemos o que estávamos levando e o que deixávamos.
Resumindo e aglutinando, ficou que estávamos levando novos e ricos conhecimentos e amizades, e deixávamos muita esperança no porvir.
 
Abjs,
Osmar Rezende
Libertos Comunicação
www.libertos.com.br


..

..
A turma de Minas.

..
E o famoso microbicida que tanto furor causou no evento.

Em breve disponível numa boa farmácia perto de você!
Ou, melhor ainda, em todos postos de saúde!!!
NOVIDADES...

Estamos aqui na Abia discutindo como dinamizar o nosso blog! Em breve mais noticias! 

Fiquem atentos!